REFLEXÃO E AÇÃO - ATIVIDADE 3

ATIVIDADE DA PÁGINA 17 DO CADERNO III

O currículo é o que orienta o meu trabalho, apesar de algumas questões que considero incoerentes, na medida do possível, tento trabalhar nos meus alunos as competências necessárias para transformá-lo no aluno leitor, pesquisador, uma pessoa "conectada" com o mundo. O primeiro passo pra isso, é a valorização da diversidade cultural existente em cada sala de aula. Trata-se de histórias de vida diferentes, de realidades que muitas vezes não são "previstas" pelo currículo, que na minha opinião não contempla o ALUNO REAL, mas o ALUNO IDEAL, ou seja, aquele que chega na escola com o nível de aprendizagem satisfatório, que não enfrenta problemas de moradia, transporte, miséria e outros que o impedem de sonhar, de desejar algo mais além do valor pago pelos programas do Governo Federal ou outras rendas adquiridas com os famosos "bicos.

Falando ainda na questão cultural, não estou afirmando que a diversidade seja um problema, pelo contrário, vejo-a como algo que contribui muito com o nosso trabalho, que as vezes exige um pouco mais de tempo na hora de organizar as minhas atividades, mas que essa é a verdadeira "BAGAGEM" que nossos alunos trazem para a escola. Se eu não valorizar esta "BAGAGEM", como vou esperar que eles compreendam e valorizem o muito que eu trouxe do meu Sertão e que as vezes entra em choque com a realidade que conheço há apenas cinco anos vivendo em Gravatá?

É por isso que educação nos move e nos comove. A cada dia que passa, ao longo desses trinta e oito anos de professor, essas histórias e essas experiências de vida me fazem descobrir um novo ardor, um novo encantamento, de maneira que tudo se renova, tudo recomeça sempre de uma forma diferente, distinta, como nunca existira anteriormente. Cabe a cada um de nós, abrir bem os olhos para entender o processo no qual nos estamos inserindo, de maneira que, quando não temos os olhos abertos para esta realidade, o nosso fazer perde o sentido.

Carmem Lúcia escreveu:"Trata-se de histórias de vida diferentes, de realidades que muitas vezes não são "previstas" pelo currículo"

Muito boa essa colocação de Carmem quando aborda a história de cada estudante como algo que não está previsto no currículo escolar, mas como algo que tem que ser ponderado no sentido de tornar significativo todo o processo ensino aprendizagem.

Imagino que, entre o planejar e o executar, existe uma relação que, necessariamente, precisa responder a questionamentos como: O que fazer? De que maneira?  Para quem?

É como se fossemos comprar uma roupa para presentearmos a alguém, sabendo que, para aquela roupa dar certo, há que se conhecer bem a pessoa a quem a estaremos presenteando.

De outra forma, não estaríamos jogando pérolas aos porcos ?

Acredito que o currículo e uma ferramenta muito importante para fortalecer nosso trabalho, porém foge da nossa realidade. Muitas vezes precisamos moldar alguns questionamentos para adaptação da nossa realidade. Cada estudante e ate mesmo a região se faz necessário essa adaptação. Ainda estamos distantes de termos um currículo IDEAL para nossos alunos.

Edivaldo escreveu:"Muitas vezes precisamos moldar alguns questionamentos para adaptação da nossa realidade"

Na prática, estas adaptações a que você se refere, não tratam de dar significado a todo o processo ensino aprendizagem?

Penso que este seu colóquio aponta para este intinerário. Não acha?

Os conteúdos de sala de aula contribuem sim, tanto para a vida como para o mundo do trabalho uma vez que estas se complementam. A escola é, sem dúvida, um laboratório de relações pessoais. Um dos principais enfoques do Ensino Médio é o de prepará-lo para a vida promovendo a compreensão das contribuições e importância da ciência, da tecnologia e da cultura. A partir dos conhecimentos iniciados na escola espera-se que o estudante consiga relacioná-los com o contexto científico, tecnológico e social no qual está inserido, exercendo e atuando de forma cidadã.

Concordo que existe uma disparidade entre o currículo ideal e o real. Afinal, temos alunos também reais e completamente fora do que desejamos. No entanto, se somos educadores é porque somos agentes de transformação e capazes de adaptar, na medida do possível, o nosso trabalho às adversidades com as quais nos deparamos.

Adriana escreveu:"Concordo que existe uma disparidade entre o currículo ideal e o real."

Que bom que a gente começa a expressar essa disparidade. Entretanto, não basta que a percebamos, pois é preciso fazer a equalização entre uma e outra situação, e é aí que reside mais um dos nossos desafios.

Aqui, sinto a necessidade de retroceder ao contexto da nossa primeira atividade (página 31 do Caderno I), quando fizemos uma descrição de várias das características dos nossos estudantes. Se soubermos fazer a ponte entre aquela e esta atividade, certamente encontraremos um intinerário a seguir, principalmente quando nos propomos a rever as questões inerentes ao currículo numa perspectiva de uma escola democrática e filosoficamente voltada para a formação e o desenvolvimento do ser humano na sua integralidade.

Nas minhas aulas de biologia, tento aproximar ao máximo o conteúdo proposto à realidade vivida pelos estuantes e pela própria sociedade. Neste contexto, me sirvo muitas vezes de reportagens relacionadas à disciplina publicadas nos mais variados meios de comunicação. O trazer fatos da vida social para a sala de aula desperta nos estudantes tanto a curiosodade pelo conteúdo quanto a necessidade de compreender o mundo no qual estão inseridos. Acredito que essa é uma das formas de intercâmbio entre o currículo e o dia a dia dos estudantes em todos os campos da vida ativa.

Existe uma relação com a necessidade de aprimorar e facilitar cálculos e operações, gerando economia de tempo e desperdícios de modo geral, pois eu como professor de Matemática, relaciono frequentemente os conteúdos ao cotidiano do alunado fazendo e mostrando como e quando será usado, e também a forma mais adequada de usar os conteúdos como no comércio, agricultura e etc.

Que bom, Diego, quando a gente consegue mostrar tudo isso para os estudantes. Tenho certeza que este é o melhor caminho, já que aquilo que é ensinado e construido em sala de aula se aplica plenamente à vida nos mais diversos contextos da existência humana.

Seria muito importante que, como professores, procurássemos perceber quais as respostas dos estudantes a essa forma de trabalho, quais os resultados obtidos a partir de então.

Seria melhor ainda se pudéssemos comparar os resultados dessa prática com os resultados obtidos por outros estudantes para os quais os mesmos conteúdos foram ministrados sem que houvesse essa explanação referente à sua aplicação na vida ativa.

O currículo é importante para dar uma sustentabilidade às aulas, embora há uma necessidade de ajuste para a realidade da vida do aluno.Porém somos mediadores e sabemos conduzir o nosso trabalho ajustando as necessidades da nossa realidade , digo do aluno.

Concordo que o currículo precisa de constantes ajustes, e torna-se de grande relevância um currículo único, sabendo que existe divergências entre estudantes das mais diversas escolas ou regiões, porem o currículo vem servir como um norte para o nosso planejamento tendo em vista que deva ser flexível para podermos realizar nosso trabalho de maneira satisfatória relacionando com a vivencia dos estudantes para que eles não venha a indagar "pra quê estudar isso" portanto tornarmos os estudantes preparados para o ensino superior ou mercado de trabalho, aptos a solucionar problemas de maneira rápida e coerente.

A relação do que eu ensino e o mundo de trabalho chega a ser incoerente, história e geografia são disciplinas que tem a capacidade, "quando bem ministradas" de formar alunos críticos. Porém essas disciplinas ao longo do tempo obtiveram uma redução nas jornadas de aulas. Temos um conteúdo a seguir e inserir métodos que se adaptem ao mundo de trabalho. O currículo tem sua importância, mas suas mudanças são necessárias em algumas disciplinas para que nossa realidade seja diferente.

Emerson escreveu:"Essas disciplinas ao longo do tempo obtiveram uma redução nas jornadas de aulas..."

Mas em que sentido e/ou de que maneira essa redução de jornadas de aulas dificulta a implementação das adequações curriculares em que sentido?

O que pode ou não pode ser feito, principalmente quando levamos em consideração a formação do espírito crítico reflexivo que pode e deve fazere a diferença no produto do processo de ducação que é oferecido?

Emerson Silva escreveu:... essas disciplinas ao longo do tempo obtiveram uma redução nas jornadas de aulas.

Realmente, essa redução das aulas de Geografia e História prejudicaram bastante os professores da área, visto que o tempo e a quantidade de assuntos são incompatíveis. Somos obrigados a elaborar uma rigorosa escala de conteúdos considerados mais relevantes (Enem, trabalho, cotidiano) e, destes, ver qual realmente dará tempo trabalhar. Quanto à contextualização dos assuntos, venho trabalhando com textos e vídeos referentes ao assunto que será estudado para que os alunos consigam enxergar uma relação local/regional/global e exponham suas ideias, mas confesso que observo uma certa resistência por parte de alguns alunos.

Luciana escreveu:"Quanto à contextualização dos assuntos, venho trabalhando com textos e vídeos referentes ao tema em questão para que os alunos consigam enxergar uma relação local/regional/global e exponham suas ideias, mas confesso que observo uma certa resistência por parte de alguns alunos."

É muito bom quando a gente percebe que o professor faz de tudo um pouco para conseguir cumprir o seu papel. Isso nos leva a guardar um "santo" orgulho pelos profissionais que trabalham conosco, já que sua praxis em sala de aula não deixa qualquer dúvida em relação à sua grandeza. Por outro lado, a gente fica um pouco decepcionado quando percebe resistências entre os estudantes, sabendo que sem esse resistir, tudo poderia ser bem melhor. Entretanto, como no contexto das salas de aula cada fato tem que ser levado em conta como objeto de estudo, algumas indagações nos parecem pertinentes neste momento:

Não seria as diferenças entre o agir (práticas pedagógicas, métodos de ensino...) de um para outro professor um dos fatores que geram algumas resistências por parte de alguns estudantes?

Em que sentido uma pedagogia de conjunto seria marcante no processo de superação dessa e de outras realidade que se apresentam de formas tão perceptíveis ?

Os conteúdos apresentados me auxiliam como conduzir o planejamento, porém, procuro fazer alguns ajustes para adequá-los às necessidades de meus alunos, levando em conta o nível de aprendizagem de cada turma.

Fico feliz quando vejo que uma boa  parte do nosso grupo de professores têm uma prática docente que, de certa maneira, já contempla essa questão, mesmo que suas ações neste sentido, ainda, em alguns casos, se desenvolva com uma certa timidez. Há que se entender que o currículo, durante muito tempo, foi considerado como uma estrutura fixa ou imutável, como algo que detinha em si mesmo uma conotação ou semelhança com o "sagrado", como objeto que ninguém podia tocar. Historica e tradicionalmente estabelecida nos padrões do imutável, aquela concepção de currículo foi se aculturando através do tempo de maneira que, no nosso tempo, encontra resistências e mais resistências para adentrar no conceito de uma nova economia.

O currículo serve de norte para o trabalho do professor, é apenas um caminho e não um fim. O professor tem a liberdade para adaptá-lo a realidade de seu alunado.É importante que a escola sirva de ponte para que o aluno se desenvolva plenamente e isso só será possível se os conteúdos didáticos estiverem ligados as diversas facetas da sociedade ajudando a desenvolver hablidades culturais e intelectuais que o ajudarão a ser inseridos no meio social.

É importante ressaltar que educação ,ciência tecnologia e cultura de uma nação não se fará sem a participação de todos. Qualquer reflexão estratégia para alcançar tal objetivo deve ser encarada como uma tarefa coletiva.

Humberto escreveu:"É importante ressaltar que educação ,ciência tecnologia e cultura de uma nação não se fará sem a participação de todos. Qualquer reflexão estratégia para alcançar tal objetivo deve ser encarada como uma tarefa coletiva."

É muito importante quando existe um trabalho coletivo na escola tanto pelo fato de se estar junto, como pelo caráter de legitimidade que as coisas ganham quando são resultado de um trabalho marcado pela participação de todos. Não se pode pensar em uma educação emancipatória quando os seus sujeitos são escanteados do ato de planejar, de pensar, de construir o novo.